quinta-feira, 14 de maio de 2009

ProUni forma primeiros 56 mil bolsistas

Em breve balanço das ações educacionais desenvolvidas em 2008, o ministro Fernando Haddad destacou nesta segunda-feira, 29, a formação dos primeiros 56 mil estudantes bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni), que ingressaram na educação superior em 2005. “São 56 mil pessoas de baixa renda que tiveram uma oportunidade nesse programa tão exitoso”.

Haddad também lembrou que neste ano se completou a adesão dos 27 governadores e os 5.563 prefeitos ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado em abril de 2007. Mas o destaque da adesão, explicou, foi o compromisso que eles assumiram com metas de qualidade da educação básica que devem ser alcançadas ano a ano, até 2022. Em 2009, o objetivo é consolidar a política nacional de formação de professores para garantir o cumprimento das metas.

Na educação profissional, Haddad disse que o Brasil avançou muito e citou a abrangência do modelo implantado: a expansão da rede federal tecnológica, que passa de 140 unidades construídas no período de 1909 a 2002, para 354 até o final de 2010; a reforma do Sistema S, organização que tem mais de 60 anos e que nunca tinha sido atualizada; e o programa Brasil Profissionalizado, que investe R$ 1 bilhão no fomento à reestruturação das redes estaduais de ensino médio. “Esse tripé vai dar um novo horizonte ao ensino médio,” previu o ministro.

No caso dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia (o presidente Lula sancionou nesta segunda-feira, 29, a lei que cria 38 institutos), eles reorganizam a rede física antiga formada por Cefets, escolas técnicas e agrotécnicas e as 214 novas escolas técnicas que ficam prontas até 2010. Segundo Haddad, os institutos serão sempre multicampi, atuam regionalmente oferecendo educação profissional compatível com o desenvolvimento local; têm compromisso com as licenciaturas no âmbito das ciências (física, química, matemática e biologia); e oferecem educação profissional de maneira vertical: da educação de jovens e adultos articulada à educação profissional, até cursos superiores de tecnologia.

Ionice Lorenzoni

Palavras-chave: mec, notícias, jonalismo, matérias

Fonte: www.mec.gov.br/prouni

Bolsistas revelam em pesquisa as vantagens da graduação

Profissionais formados com bolsas integrais do Programa Universidade para Todos (ProUni) revelam que o mercado de trabalho se abriu – 80% estão trabalhando –, e que a renda familiar aumentou para 68% deles. Mas o principal efeito da oportunidade de fazer uma graduação aconteceu na família. Oito de cada dez entrevistados disseram que familiares se sentiram motivados a iniciar ou prosseguir os estudos.


Os dados fazem parte de uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Educação ao Instituto Ibope e realizada no período de 13 a 23 de março deste ano. O Ibope ouviu por telefone 1.200 recém-formados em estados de todas as regiões do país. A primeira leva de formandos que estudaram com bolsas do ProUni concluiu os cursos no final de 2008. O programa foi criado em 2004 e começou a operar em 2005. O Ministério da Educação estima que cerca de 56 mil bolsistas do ProUni já concluíram a faculdade.


Na avaliação de Bruno Teodoro Oliva, coordenador geral de projetos especiais para a graduação da Secretaria de Educação Superior, o fato de 80% dos entrevistados relatarem que estão trabalhando confirma que a formação amplia as oportunidades de emprego e traz como consequência uma melhoria na qualidade de vida. Outro ponto positivo que a pesquisa traz é a elevação dos rendimentos. Entre os entrevistados, 68% dizem que a renda familiar melhorou e, destes, 28% relatam que melhorou muito. Na região Nordeste, o índice foi de 70% e no Sul, 69%.


Mas o aspecto da pesquisa que mais chama a atenção de Bruno Oliva e o que evidencia consequências não só imediatas, mas também de longo prazo é o relato dos formados sobre os efeitos que a graduação causou no âmbito familiar. Quando oito de cada dez entrevistados dizem que a formação deles motiva e incentiva seus familiares a iniciar ou prosseguir nos estudos, deduz-se que o ProUni gera efeitos motivador e multiplicador. “É o reconhecimento da família de que a educação trouxe um ganho ao estudante”, diz Bruno Oliva.


Para o coordenador do programa, isso também significa que os filhos dos beneficiários do ProUni terão maior probabilidade de frequentar a escola. Ele explica: estudos mostram que filhos de pais com maior escolaridade, independentemente da renda, tendem a atingir maior nível educacional.


O peso da formação no processo de melhoria da qualidade de vida dos entrevistados também foi lembrado. A pesquisa constatou que 97% dos entrevistados estão motivados a fazer especialização, mestrado ou doutorado.


Dados da Secretaria de Educação Superior do MEC indicam que, do ingresso dos primeiros bolsistas em 2005, ao primeiro semestre de 2009, o ProUni beneficiou 541.085 estudantes. Atualmente, 384.882 alunos cursam uma graduação com bolsas integrais ou parciais.

Ionice Lorenzoni
Quarta-feira, 06 de maio de 2009 - 15:36
Palavras-chave: ProUni, bolsistas

Fonte: www.mec.gov.br/prouni

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Prouni, oportunidade para Todos

Debora Pereira


Oportunidade. Esta é a palavra que define o desejo que move milhões de brasileiros. Operários, domésticas, ambulantes, filhos de trabalhadores, cidadãos reféns de um sistema social que oprime, marginaliza, segrega. Pessoas que por muito tempo foram apenas números, estatísticas – de desemprego, pobreza, exclusão.

Oportunidade. Isso é o que o Prouni oferece. Não se trata somente de uma bolsa de estudos, mas do direito de voltar a sonhar. Trata-se de milhares de pessoas que conseguiram romper as barreiras da exclusão e hoje contrariam as estatísticas. E não é apenas mérito de governo, mas conquista concreta de anos de mobilização e luta do movimento social brasileiro.

O MEC divulgou na última sexta-feira (24/4), dados da pesquisa Ibope que entrevistou recém-formados da primeira geração de beneficiários do Prouni. Entre os entrevistados, 80% terminaram seus estudos já empregados – atingindo 83% na região Sul do País. Quando interrogados sobre a melhora nas condições de vida, 68% tiveram ganhos significativos na renda familiar, sendo que 28% afirmaram que a renda da família aumentou muito.

O Prouni beneficia hoje 450 mil estudantes e chama atenção o fato de oito entre 10 prounistas afirmarem que outros familiares estão motivados em concorrer a uma vaga na universidade através do Prouni. Indiretamente quantas pessoas são beneficiadas? Não estamos falando apenas de ascensão social, mas de uma melhora na condição de vida de famílias inteiras, no aspecto financeiro, cultural e intelectual. Jovens antes sem perspectivas e chefes de família que voltaram a sonhar com um futuro melhor, sem falar dos amigos, vizinhos, familiares de amigos e familiares de vizinhos. Estudar voltou a ser objetivo de vida para muitos brasileiros.

O movimento estudantil historicamente defendeu – ainda defende e assim deve ser – em teses, discursos e resoluções, que a universidade deve formar cidadãos para o mundo, capazes de compreender a função social de suas profissões, e não gerar mão-de-obra qualificada para o mercado de trabalho. Pois bem, os prounistas estão bem suscetíveis a essa compreensão.

Por que a filha de um pedreiro não pode ser doutora? Ouso afirmar que aquele estudante que por muito tempo precisou de um Posto de Saúde na periferia pode se tornar um grande médico sim. Um acampado do MST certamente poderia vir a ser um excepcional agrônomo ou um militante do movimento sem-teto, um exímio arquiteto. Por vocação, se assim o for. Mas o fato é que viver a necessidade na pele pode resultar naquele toque de genialidade que determina o verdadeiro sucesso profissional.

Sempre que vejo as pessoas praguejando, ou simplesmente desdenhando, do Prouni ou de qualquer outro programa de acesso a universidade (como o Reuni), fico me perguntando se estes indivíduos já pararam para refletir sobre os impactos diretos que este tipo de ação tem sobre a vida do povo. Certamente vieram de berço dourado, tomando muito todinho e leite Ninho, brincando em playground, sem nunca ter pisado em uma favela, remado até a casa de um ribeirinho ou passado qualquer tipo privação na vida.

Quem fala de luta de classes sem nunca ter deixado de ir à escola por falta de uniforme ou só ter ido à escola para tomar o lanche na hora do intervalo, definitivamente não sabe do que está falando. Até acredito em consciência de classe, mas me irrita o discurso pequeno-burguês que pragueja contra a massificação do acesso à universidade sob o discurso de que estão sendo colocados estudantes despreparados na universidade, que isto baixa a qualidade do ensino e que estes estudantes serão maus profissionais. Balela, como dizem por aí.

Ou não são os prounistas que têm o melhor desempenho em todas as avaliações, internas e institucionais. E mais, o recorte racial na distribuição das vagas do Prouni é elemento fundamental para diminuir também os impactos do racismo no mercado de trabalho. Na verdade, o conservadorismo da academia se estende a setores da sociedade que não enxergam o óbvio: protelar o acesso à universidade é perder uma geração inteira e a conseqüência disso é o atraso e o subdesenvolvimento de um país que permanecerá desprezando o potencial de seu povo.

Por fim, quero ressaltar que escrevo tudo isso com a propriedade de quem foi criada no extremo sul da zona sul de São Paulo, onde dá tudo errado, como já dizia mano Brown. Filha de mãe operária – às vezes empregada doméstica – e pai ausente, sei bem como é atraente a ilusão da vida fácil. Se ao final deste ano de 2009 terei em mãos meu diploma de jornalista é porque agarrei uma oportunidade, a única e mais importante de toda uma vida, assim como milhares de pessoas que certamente viram um mundo de sonhos começar a se concretizar no dia em que assinaram o contrato de suas bolsas de estudos.

Debora Pereira é Diretora de Universidades Pagas da UNE e bolsista do Prouni.



Fonte: www.jpt.org.br