segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Juros a favor do cliente

Redução na Selic pode beneficiar consumidores endividados, segundo especialistas. Quem não conseguiu pagar prestações em dia tem mais chances de obter descontos na hora da quitação


Priscila Belmonte



Rio - Após a redução de 1 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic), os bancos resolveram baixar as taxas de financiamento. A medida, segundo especialistas, pode beneficiar principalmente consumidores endividados, já que torna as condições de renegociação mais vantajosas. Apesar de as mudanças não afetarem empréstimos já contratados, quem não conseguiu pagar as parcelas em dia tem mais chances de obter descontos na quitação.

O primeiro passo, segundo o consultor em Finanças Marcos Crivelaro, é ter calma na hora de acertar os valores a serem pagos. “As empresas costumam pressionar os inadimplentes. O constrangimento leva o cliente a não questionar o valor da dívida e ele acaba pagando altas taxas de juros. O fato de estar devendo não tira do consumidor o direito de negociar”, alerta o especialista.

Para Crivelaro, a redução mostra que as instituições estão mais confiantes no andamento da economia: “Os bancos privados foram estimulados pela iniciativa do governo federal”. Ao todo, sete instituições anunciaram corte nas taxas: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco, Santander, HSBC e Real.

Apesar da queda da Selic (de 13,75% para 12,75%) ser a maior desde 2003, quando a taxa foi de 17,5% para 16,5%, especialistas garantem que os juros reais poderiam ser menores. Segundo Nelson de Sousa, professor de finanças do Ibmec, o custo do dinheiro para o consumidor pode diminuir, mas o componente mais pesado da taxa não está na Selic. “O problema está na aversão ao risco. Na medida em que os bancos têm receio de oferecer crédito sem garantias, o dinheiro permanece caro para algumas pessoas, restringindo o acesso”, diz.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que os bancos públicos baixem juros e tornem mais rápida a liberação de crédito para empresas e consumidores. A informação foi passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participou da reunião com os presidentes dos bancos estatais. Segundo ele, bancos públicos não podem cobrar juros maiores que os privados.

Mantega disse também que as empresas que pegarem crédito subsidiado do governo terão de mencionar no contrato quantos empregos serão gerados com o investimento. O governo não deixou claro, no entanto, se vai cortar o crédito de quem demitir nem se haverá punição nesses casos.

Dívida pode ficar mais barata

Quem já contratou empréstimos não tem como reduzir a taxa, mas pode mudar de modalidade. Cabe ao consumidor avaliar se é vantajoso trocar o Cheque Especial pelo CDC, por exemplo. No caso de uma dívida de R$ 1 mil no cheque especial, o consumidor paga taxa mensal média de 7,9% (ou R$ 79). Se o financiamento for pelo CDC, a taxa média é bem menor: 2,6% (R$ 26), uma economia de R$ 53.

No pacote das ações do governo para tentar garantir crescimento de 4% este ano, o que inclui o corte na Selic, foi anunciado ontem crédito extra de R$ 100 bilhões para o BNDES para 2009 e 2010. A injeção, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem o objetivo de aumentar o crédito para as empresas brasileiras. Ano passado, foram emprestados pelo banco cerca de R$ 90 bilhões — 40% acima do total de liberações de 2007.

Neste ano, o BNDES já conta com R$ 116 bilhões. Com esse crédito, a instituição terá mais R$ 50 bilhões do Tesouro em 2009. A outra metade será usada em 2010. Os recursos virão por meio do caixa do governo e de captações no exterior.

Fonte: O Dia



Fonte: http://www.portaldoconsumidor.gov.br/noticia.asp?busca=sim&id=12582

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